o que era movimento
fechou e trancou-se dentro
agora revelado ... o tempo
calou-se diante do vento
fechou-se sem lamento
caiu perto do que não se previa
irmã gêmea daquilo que nunca sonharia
eternidade não era tempo
continuidade sem ver
visava um futuro inexistente
contava com o passado nunca visto
certamente este que é único, presente
vivido em cores, aromas ... pétalas
jardim sem arestas, sem fim, só centro
tal qual o universo neste infinito
aqui és dentro profundo em mim
doce e terno firmamento
conforto desta alma repartida
louca em pensamentos
incompreendidos e invasivos
lembranças de outrora rostos reconhecidos
olhos revelando-se em sentimentos desconhecidos
loucura em delírio dessa insana mania
ver o que não se vê e ficar arrependido
falando ao surdo e mudo mundo
desse absurdo de não se ter tempo
apenas um eterno em nós ... firmamento
companheiro e consolador de agora
antes que ainda persiste em assim se repartir
viver em letras da fala que não cala
deseja ver o que é louco nesta normalidade
cega que não vê apenas chora
afinal parte não se é inteiro
fica certamente no eterno ...
... a mercê por aí afora.
Dessa loucura bebo-a toda, vivo
visto-me da insanidade ventilada
no sopro do vento, livre a voar
caminhando sem tempo
para assim ver todo o lamento
em mim ... cessar ... caminho
com asas agora sem luta, lida, só Vida
livre, amando, voando no vento!
sou nada, sou ponto, quem sabe
sem ser vista, ouvida, percebida
sou brisa de ar, assumida
invisível ao mundo, talvez inteira
de qualquer maneira
não há esforço para ser o que não é
sou o que não se pode ver
o nada na normalidade louca
que me quis solta e assim me fiz
calando os meus tomentos
pensamentos e sentimentos
emudecendo aos ouvidos do mundo
deixando letras do meu absurdo dentro
calada fico sem mais aos ouvidos
voando livre ao firmamento!
(Kátia de Souza)
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