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25 novembro 2012

“No princípio era o Verbo”


... Eu
muda
nua 
ignorava

... Tu
ciente
onipotente 
conduzia

... Ele
silencioso
à tudo
comandava

... Nós
únicos
simples 
ressurgíamos

... Vós
semelhantes
projetados
reconheciam-se

... Eles
errantes
ansiosos
aguardavam

E assim se fez ...
No princípio
entre nomes  
e pronomes

... o verbo
ação
incessante 
contínuo
constante

... eterno
afirmação 
nós neste laço 
... sim

Este é o Verbo
... Amor
no princípio
... até o Fim!


(Kátia de Souza)

"Fendas da alma"

Ruge o lamento do meu canto
se quisera saber quem eu sou
aqui estou entre as partes do meu eu
retalhos, em frangalhos repartidos
retinindo o que era breu
fez-se luz por entre as gotas deste sangue
eram tantos os cacos recolhidos
tantos cortes já trancados
fechados, agora permitidos
por teus dedos foram ali, então rasgados
fisgando o que em ti, você não viu
contemplando a face negra deste limo
fechastes a porta crendo doce encanto
oh! alma iludida sem prever
não vês que és tu a recolher
o que em ti é em mim sem dó ou pena
compaixão tão querida, desejada
palavras mudas, fecharam-se caladas
toque o toque trancado neste fim
mas olhe-se ao espelho, por favor
veja teu retrato e aquele pranto
gemidos sussurrados, tão estáticos
estagnados, gritos deste nós ... dentro ecoados
escorridos, gotejando e apenas ...
... dói no sempre ... e em Mim!!!!

(Kátia de Souza)

24 novembro 2012

.....


“Coisas de um Rio”

Todos os dias ...
uma briga, luta que se trava
Todos os dias ...
busca-se represar as águas
Rio caudaloso a romper barricadas
Surpreender o que se negou
Afirmando o desejo inclemente
Cortando a terra aberta agora em veios
Fluindo, molhando, germinando
coibindo os olhos que vê sua marcha
Fecham-se as janelas, trancam-se as portas
lá está abundante, famélico
por entre as reentrâncias
Jamais se viu tanta perseverança,
força e intensidade
Coisas de um rio represado por braços da arrogância
pensando poder restringir o que em gérmen é seu cerne e natural
Ainda há luta por se impedir
até onde águas dessa natureza podem fluir?
Que seja ao mar
e ali aportado na imensidão que aguarda adormeça a ânsia,
sucumba a luta e abrigue-se na paz e esperança
e que este seja apenas o inevitável caminho do Sublime
que busca por algo Maior que ainda não se provou.

(Kátia de Souza) – 19/11/12 às 22:34h

"A marcha continua..."

Seria mais fácil ficar
Não partir e deixar
O que o tempo varreu
O vento levou
E no peito permaneceu
No recanto em flor
Plantado sem prever
Seria como seguir
Na reta da estrada
Pista molhada
Mas segura por si
Quando em curvas
Asas se formam
Já não se pode fugir
Do contorno e divisa
Que eu vi partir
Seguirei neste voo
Permanente e em lida
Do cansaço ancorado
Neste porto barco a velas
Entrego a outro ... acovardado
Enfrento vagas ...
... em maré calma e mansa
... e não pintura em tela
... e a corrente enfurecida
... tempestades e furacões
Mas , não fujo da bonança
De ver-me renascida
Olhar-me em claridade
Junto e tão longe
Num abismo de emoções
Buscar o que deixei ...
... a margem desta vida!

(Kátia de Souza)

....




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