Não quis te ver, não quis te dar
os segredos do meu olhar
venci a ânsia cortada em vidros moídos
cortei a pele em dedos cingidos
deixei sangrar em lábios trancados
sufocado grito ...
te aguardei em prece, clamor e evocação
suguei para fora toda a emoção
neste corpo já encolhido no breu da razão
permitindo o adeus em estar fora
do que ainda nem entrou e já quebrou
partido caminhastes, fostes embora
e eu chorei, não lágrimas de dor
alívio por não vê-lo caído implorando
um dia destes quando a ti
eu já não mais estaria amando
fostes antes mesmo de ter-lhe esquecido
melhor assim deixa vagar o que não se vê
sinta-se a deriva do teu amor bandido
mas, um dia voltarás e verás os segredos
nestes meus olhos vencidos
desse orgulho de não poder, o amor
ser aqui em mim, admitido
(Kátia de Souza)
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